21/03/2025 - Tribuna da Bahia Online
Por Hieros Vasconcelos
Em entrevista à Tribuna da Bahia, a presidente da Fundação Mario Leal Ferreira (FMLF), a arquiteta e urbanista Tânia Scofield, afirmou que não haverá impactos ambientais

Teleférico da Cidade do México
A cidade de Salvador se prepara para receber um novo meio de transporte que promete ser uma das maiores inovações na mobilidade urbana da capital - conforme a prefeitura de Salvador - que irá facilitar o deslocamento da população: o teleférico do Subúrbio.
Com um investimento de R$ 678 milhões, a obra tem previsão de início entre o final de 2025 e o início de 2026 e será executada pela Superintendência de Obras Públicas de Salvador (Sucop), com planejamento da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF). O equipamento está previsto para ser construído acima do Parque São Bartolomeu, o que tem gerado questionamentos entre ambientalistas sobre os impactos da obra.
Em entrevista à Tribuna da Bahia, a presidente da Fundação Mario Leal Ferreira (FMLF), a arquiteta e urbanista Tânia Scofield, afirmou que não haverá impactos ambientais e explicou que o teleférico foi pensado dentro do Plano de Mobilidade de Salvador desde 2017, prevendo a conexão com diferentes modais de transporte público, como metrô, VLT e BRT.
A especialista considera um marco na cidade, principalmente para a população do Subúrbio, que irá ampliar as opções de transporte público, proporcionando mais acessibilidade e reduzindo tempo de deslocamento dos passageiros.
“Tanto o metrô quanto o BRT estão nas áreas baixas, nos vales da cidade. Mas quem mora nas áreas altas, para chegar ao metrô ou ao BRT, precisa utilizar o ônibus, que faz percursos mais longos. O teleférico reduz esse trajeto", explica Tania Scofield.
EXPECTATIVA
A expectativa é que o teleférico beneficie mais de 700 mil pessoas e transporte até 23 mil passageiros por dia. Com 110 cabines e capacidade para transportar 4 mil pessoas por hora nos dois sentidos, o teleférico terá quatro estações: Praia Grande, Mané Dendê, Pirajá e Campinas de Pirajá, interligando comunidades do Subúrbio Ferroviário com a BR-324 e com as estações de ônibus e de metrô.
Conforme o projeto, o equipamento será sustentado por 17 torres, e permitirá a conexão, através de suas estações, à BR-324, à Avenida Suburbana e a diversos bairros, entre eles, Periperi, Mirantes de Periperi, Rio Sena, Alto da Terezinha, Itacaranha e Plataforma.
“Vai facilitar a mobilidade entre áreas altas e baixas da capital baiana. O passageiro pode sair de Pirajá, pegar o teleférico até Campinas de Pirajá, embarcar no metrô e seguir até a estação Lapa. De lá, pode pegar o BRT e chegar à Pituba ou Itaigara. Essa conexão facilita a vida das pessoas e reduz o tempo gasto no trânsito", exemplifica Scofield.
Segundo Scofield, o transporte terá um funcionamento contínuo, sem paradas bruscas, permitindo que cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida embarquem sem dificuldades. O objetivo é reduzir o tempo de permanência do passageiro no transporte público.
“"Hoje, por exemplo, um morador Alto da Terezinha precisa pegar um ônibus para
chegar ao centro da cidade ou à região do Iguatemi. Esse ônibus faz um retorno pela BA-528, acessa a BR-324 e pode levar de uma a uma hora e meia, dependendo do trânsito. Com o teleférico, o percurso total de 4,3 quilômetros será feito em 18 minutos, tornando a viagem muito mais rápida. Quem sai de Praia Grande, Plataforma ou Itacaranha poderá embarcar no teleférico até a estação Campinas de Pirajá e, de lá, acessar o metrô para seguir até outras regiões da cidade"
Contrato – Embora venha sendo pensado desde 2017, com o Plano de Mobilidade da capital, o contrato para construção do teleférico só foi assinado no dia 14 de março e será viabilizado por meio de um financiamento da Corporação Andina de Fomento (CAF). No total, a prefeitura obteve um empréstimo de R$ 728 milhões do Governo Federal para o Programa Salvador Inclusiva, sendo R$ 678 milhões destinados à construção do teleférico.
Tecnologia - O financiamento obtido para o projeto também inclui capacitação profissional, tecnologia de internet e Wi-Fi. O BRT, com o teleférico, terá um percurso total de 4,3 quilômetros, realizado em apenas 18 minutos. Segundo Tania, a tecnologia utilizada precisou ser estudada fora do Brasil. “A gente tem que fazer alguns ajustes no projeto, e a nossa perspectiva é que, até meados de maio, ele esteja fechado”, afirma.
Não há impactos
Possuidor de uma rica biodiversidade, o Parque São Bartolomeu é considerado um espaço sagrado para as religiões de matriz africana, sendo palco de rituais e oferendas. Além disso, o Parque São Bartolomeu tem relevância histórica, pois suas matas abrigaram comunidades indígenas e quilombolas, como o Quilombo do Urubu, e foram cenários de eventos significativos durante a Independência da Bahia.
Uma das grandes preocupações com a construção do teleférico é o impacto ambiental no Parque São Bartolomeu, detentora de cinco cachoeiras e que abriga trilhas ecológicas.
Segundo Tania Scofield, não há nenhum impacto significativo. “Questionaram se poderia afetar as aves da região, mas o teleférico é muito lento. Se uma ave bater no teleférico, não acontece absolutamente nada”, garante. Além disso, o equipamento terá altura aproximada de 45 metros, minimizando interferências na fauna e flora local.
Por meio de redes sociais, moradores e associações dizem temer que as torres interfiram nas cachoeiras e nas áreas verdes. A presidente da Fundação Mário Leal Ferreira explica que tudo está sendo estudado corretamente.
Scofield lembra que a ideia é valorizar ainda mais o parque, uma vez que a prefeitura está realizando a recuperação das cachoeiras de Nana e Oxum, que antes recebiam esgoto do Rio Mané Dendê.
“Com o projeto de saneamento promovido pela prefeitura, essas águas deverão ser regeneradas. “Se a gente já está fazendo saneamento lá em cima, já estamos eliminando a maior fonte de contaminação do Parque São Bartolomeu. O teleférico não tem interferência nenhuma no parque”, reforça a presidente da FMLF.
Equipe multidisciplinar
A presidente da Fundação Mario Leal Ferreira, Tânia Scofield, explica que o projeto foi elaborado por uma equipe multidisciplinar e acrescenta que a obra será concluída em apenas uma etapa.
Isso porque, segundo ela, diferente do metrô ou do BRT, que podem ser construídos em fases, o teleférico precisa ser concluído integralmente para entrar em funcionamento.
“Contamos com arquitetos e engenheiros de várias especialidades, como engenharia estrutural, engenharia mecânica (responsável pelos elevadores, escadas rolantes e elevadores de carga), engenharia elétrica, sistemas de ar-condicionado, segurança contra incêndios e engenharia hidrossanitária. Trata-se de uma equipe ampla e multidisciplinar, essencial para a complexidade da obra”, explica.
Ainda não há um prazo definido para o início da obra. “Para não ter dúvida nenhuma, eu acho que o início deve acontecer no começo de 2026 ou final de 2025, após o processo licitatório”, projeta Tania Scofield. O projeto será enviado para a Sucop, que fará o orçamento e abrirá a licitação para a execução da obra.
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